sábado, 13 de setembro de 2008

Anistia/Dia-a-dia

Anistia/dia-a-dia


Anistia: a grande esperança ou o grande pavão.

Abrimos os olhos e vemos a giração anistiosa caminhando ecumênica em gritos apelos impulsos imprensa.

Fechamos os olhos e imaginamos a travessia dos muros e os reencontros na prisão maior que apesar de ser prisão é bem melhor que a nossa e aprendemos a valorizá-la mais e às suas seivas. Fechamos os olhos e bebemos largos sorvos de vida porque a cinemação da liberdade nos recompõe a capacidade de sonhar com a liberdade.Ou nos alimentar com as caudas coloridas do pavão.

Abrimos os olhos e nos encontramos presos prosaicos preventivos perpétuos prontuariados.

Abrimos a prosa e o proveito proveta da vida venosa vulnerada do dia de cerne cinzento somado de sangue de não de espera nos impõe nos impulsa esquecer as caudas coloridas do pavão pelas pragmáticas possibilidades das penas sujas do urubu lixeiro.

Abrimos a prosa e as aliterações se dissipam se eclipsam na evidência marmórea das maneirações matemáticas:

“A questão presos políticos é igual a condições carcerárias mais situação penal. Para possibilidades de cálculo e de resultados computáveis abstraiamos o referencial anistia. Operemos somente sobre a equação dia-a-dia”.

Abrimos os olhos e nos encontramos presos prosaicos preventivos perpétuos prontuariados no proveito proveta da vida venosa vulnerada do dia de cerne cinzento somado de sangue de não de espera.

* Penitenciária Professor Barreto Campelo, Itamaracá-PE, 1975

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