segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Coquetel Molotov

Marcelo Mário de Melo

O coquetel molotov é um artefato incendiário que não explode, feito com uma mistura meio a meio de gasolina e óleo 30, postos no interior de uma garrafa bem arrolhada. A combinação é perfeita, porque a gasolina é altamente inflamável e o óleo retém as chamas.

No coquetel molotov tradicional se amarra na parte imediatamente anterior à base do gargalo um trapo de pano embebido em gasolina e óleo, que deve ser aceso um pouco antes de se atirar a garrafa ao alvo. Com o choque, a garrafa se quebra e as chamas se espalham. Na década de 60 esse processo foi simplificado. Em lugar do trapo, passou a ser utilizado um retângulo de papel de três a cinco centímetros, colado do lado de fora da garrafa, em cuja face exposta havia sido polvilhado ácido sulfúrico sobre uma camada de cola. As chamas passaram a ocorrer no simples contato do líquido com o ácido, dispensando a operação de atear fogo ao trapo e tornando mais ágil o lançamento do coquetel.

Nessa época, além da garrafa, o coquetel molotov passou a ser produzido com outros suportes, como por exemplo, as lâmpadas elétricas tradicionais, depois de serem despojadas das suas partes internas e terem o bocal aberto e fechado com cortiça, à semelhança de uma garrafa. Por serem feitas de vidro fino e frágil, as lâmpadas molotovizadas puderam ser usadas para atingir alvos vivos, geralmente fardados.

No seu livro A Guerra de Guerrilhas, Che Guevara relata e apresenta em desenho a possibilidade do lançamento de um coquetel-molotov com mais precisão e a maior distância, adaptado ao cano de um fuzil, transformado em lança-chamas alternativo. Na revolução cubana, um trem blindado do exército do ditador Fulgêncio Batista foi emboscado e atingido por uma chuvarada de coquetéis-molotov, que tornaram insuportável a temperatura interna dos vagões, obrigando os soldados a saírem e se exporem aos tiros dos rebeldes. Com a mesma função de forçar a exposição do inimigo, o coquetel-molotov já fora utilizado pelos soviéticos, na segunda guerra mundial, como arma anti-tanque.

Setembro 2001

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